domingo, julho 22, 2007

Preconceito, Racismo, Discriminação Racial e o Movimento Negro

Parte I
OBS: Devido ao tamanho do texto ter ficado muito longo, resolvi separá-lo em duas partes. Esta parte trata do problema do uso equivocado dos termos racismo, preconceito e discriminação, de uma explicação para a atual beligerância do movimento negro e do conceito de preconceito. No próximo post tratarei dos conceitos de racismo e discriminação e farei a consideração final.
Venho acompanhando a algum tempo, com certa regularidade, notícias de jornais, trabalhos acadêmicos e entrevistas a respeito da questão racial no Brasil. Tenho reparado, principalmente em entrevistas com líderes de ONGS, o uso equivocado do termo racismo para definir qualquer ação que desagrade ao movimento negro; principalmente quando os líderes de tais ONGS taxam a sociedade brasileira de racista. O caso do professor Paulo Kramer da UnB é ilustrativo. Como escrevi a dois posts atrás, Kramer foi acusado injustamente de racismo por ter usado a palavra "crioulada" em uma de suas aulas. O caso do jogador argentino Desábato, que chamou de "negro" o também jogador de futebol Grafite serve como outro exemplo ilustrativo. O uso do termo racismo segue sendo usado de maneira errônea quando se analisa a relação da polícia com a população negra, ou quando se analisa a atual condição social do negro no Brasil. O meu objetivo com este texto é esclarecer o conceito do termo racismo, assim como os conceitos de preconceito e discriminação racial. Mais, primeiramente, considero importante traçar um paralelo entre o surgimento das chamadas políticas afirmativas e o atual recrusdecimento das ações do movimento negro.

Nos anos 70 do século passado, o movimento negro, baseado nos conhecimentos da biologia, afirmava que não existia diferença entre raças quando se trata de seres humanos; a diferença entre brancos e negros era apenas uma questão de melanina. Nos anos 90, com a derrocada do socialismo na URSS, a esquerda mundial perdeu sua referência ideológica de luta de classes. Para suprir esse vácuo ideológico e continuar sobrevivendo politicamente, só restou à velha esquerda(que tem um histórico de violência e ódio contra o establishment "burguês") se refundar e se aliar ao movimento politicamente correto, que começa a ganhar notoriedade na década de 90. Nesse período, o pensamento de harmonia entre etnias no Brasil, defendida por Gilberto Freyre, é substituída pela visão de que a sociedade brasileira é racista, defendida por Florestan Fernandes. Hoje em dia, os partidos de esquerda estão sempre a frente das manifestações das minorias, teses acadêmicas alardeando o "racismo à brasileira" se proliferam nas universidades(majoritariamente composta por esquerdistas, assim como as ONGs); o projeto de lei que visa implantar o Estatuto da Igualdade Racial no Brasil é de autoria do senador Paulo Paim do PT. Coincidência? O movimento politicamente correto, supostamente, defende os interesses das minorias. No caso do movimento negro, os interesses desse grupo são as políticas afirmativas como as cotas para acesso às universidades. Atualmente, quando se aborda a questão racial no Brasil, quase que involuntariamente, o assunto tende a ir a uma discussão a respeito de tais políticas. O objetivo das políticas afirmativas é, em geral, integrar o negro à sociedade; realizando, assim, uma suposta igualdade racial. Buscarei demonstrar da maneira mais clara possível que tais políticas afirmativas são o pior meio de implantar uma justiça racial no Brasil, políticas que inclusive se mostram contraditórias com o objetivo de alcançar uma igualdade racial.
Vou começar com o conceito da palavra preconceito, cuja definição nos auxiliará a compreender mais a frente os significados dos termos racismo e discriminação racial. Preconceito é um paradigma, uma visão distorcida que um indivíduo ou um grupo de pessoas tem de outrem, atribuindo ao outro características pejorativas. Quando se afirma, por exemplo, que "judeus são avarentos"," advogados são trapaceiros", "mulheres loiras são pouco inteligentes", "indíos são preguiçosos", "empresários são exploradores" ou "pobres tem maior tendência a serem marginais" etc, percebe-se o pré-conceito pelo simples fato de tais afirmações não se comprovarem em sua totalidade, ou seja, não se pode provar que todos os judeus são avarentos, que todos os advogados são trapaceiros etc, portanto, são generalizações mal feitas, que acabam por assim serem, tornado-se tema para piadas de mau gosto. Uma característica do preconceito é que ele, em boa parte das vezes, permanece oculto na mente do preconceituoso, até que se manifeste na forma de uma discriminação ou, em alguns casos, em racismo. Todas as pessoas tem ou já tiveram algum tipo de preconceito na vida, mas na maioria das vezes, o preconceito não se manifesta em ações de ódio; permanecem sendo apenas pré julgamentos. Atualmente, é tema de grandes debates, a questão de se o preconceito no Brasil é social ou racial. Tal questão é difícil de se responder a priori, pelo simples fato de os preconceitos estarem na mente das pessoas; para analisar uma questão dessas seria necessário avaliar caso por caso, pois um grupo pode ser alvo de mais de um tipo de preconceito. Como é impossível ler a mente alheia, qualquer julgamento do preconceito de outrem, antes de uma comprovação, torna-se também preconceituoso.
(Continua)
















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