sábado, maio 06, 2006

Atirando no próprio pé

A posição que alguns brasileiros tomaram ao apoiar a decisão do presidente boliviano, Evo Morales, de “nacionalizar” as refinarias de petróleo e gás natural do país, incluindo as da Petrobrás, não pode ser interpretado, senão, como um elogio ao mau- caratismo.

Morales resolveu cumprir uma promessa que fizera na campanha presidencial, de nacionalizar as refinarias que exploram gás natural, a maior delas a Petrobrás dona das duas maiores refinarias do país e que investiu na Bolívia 1,5 bilhão, porém nacionalização implica em pagamento de indenização, o que certamente não será feito vide a atitude de Morales mandar seu exército ocupar as refinarias instaladas na Bolívia, e pesa ainda o fato da Bolívia ser um país pobre, logo, não é difícil prever que o que realmente ocorrerá será uma expropriação, que consiste em tomar um bem sem o devido pagamento de indenização. Que o gás natural é deles ninguém duvida, mas os investimentos são nossos, e a expropriação consiste numa total falta de respeito.
O que esses brasileiros ainda não perceberam, me refiro principalmente aos defensores da integração latino-americana e os integrantes da esquerda sempre dedicados a luta contra o “imperialismo”, é que a Petrobrás é uma empresa estatal, e portanto, é sustentada por dinheiro dos contribuintes, incluindo o dos defensores da causa.

O que transforma o argumento daqueles que defendem o ato de Evo Morales ainda mais simplório, é o fato do presidente boliviano ter mentido mais de uma vez sobre a questão, afirmando que não nacionalizaria os bens da Petrobrás ainda em sua campanha eleitoral.
Morales também quebrou o contrato com a estatal brasileira ao aumentar a participação do governo boliviano nos lucros para 82%, deixando a Petrobrás com míseros 18% o que torna a atuação da Petrobrás ainda mais desvantajosa do que já era, pois segundo analistas, a empresa brasileira já pagava pelo gás natural boliviano um preço maior do que o valor de mercado. A quebra de contrato, mais cedo ou mais tarde, refletirá no aumento do preço, embora executivos da estatal brasileira ainda neguem, prejudicando empresas brasileiras que foram incentivadas pelo governo federal a mudar a matriz energética para gás natural e também os donos de carros que fizeram a conversão de seus veículos. O prejuízo econômico para os brasileiros é iminente.

A situação piora quando até o presidente Lula, que pela importância de seu cargo deveria ser o primeiro a defender os interesses do país, adota uma postura pífia defendendo a atitude de Morales, que a propósito, disse certa vez que o presidente Lula era seu irmão mais velho. Grande irmão esse!

Esse episódio reflete ainda o fracasso dos responsáveis pela política externa brasileira, primeiramente como já foi dito anteriormente, o contrato com os bolivianos foi desvantajoso para o Brasil e ainda foi mantido mesmo com o risco que a vitória de Evo Morales representava, analistas afirmam que essa medida foi aceita pelo presidente Lula com vista a por em prática a tão sonhada integração dos países da América Latina tão apregoada pela esquerda latino-americana, e do qual Lula queria ser o líder, ai consiste o segundo problema, o presidente Lula fazendo proselitismo ideológico com dinheiro público. Porém no reino da América Latina unida, Lula que queria ser rei acabou virando o bobo da corte, já que a ação de Evo Morales teve apóio de Hugo Chávez que deu assessoria técnica treinando bolivianos para poderem melhor operar as empresas recém nacionalizadas. Vale ressaltar que todos os países da América do Sul apoiaram a atitude de Morales.
O terceiro problema está relacionado a cegueira dos governos (FHC e Lula), omitindo-se perante os diversos sinais do risco de se investir na Bolívia, já que o país no passado tomou atitudes semelhantes por duas vezes, e por ser o país constantemente assolado por crises políticas.
Para concluir todo esse episódio cito uma frase de Paulo Francis: “o Brasil é o país onde a burrice tem um passado glorioso, e um futuro promissor.”

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